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quinta-feira, 20 de março de 2014

Figuras Notáveis de Alvor

ALVO, António Matias d’ e José Matias d’Alvo 
Construtores naturais de Alvor criaram a empresa “José Matias d’Alvo & Irmão, Lda.”, que produziu trabalhos emblemáticos para a cidade de Portimão, nomeadamente as colunas e os candeeiros da Praça 1.º de Maio e a entrada principal da Câmara Municipal, realizados por encomenda. Ambos construíram também alguns edifícios importantes do concelho, nomeadamente o Hotel da Rocha, Hotel Algarve, Hotel da Penina, Hotel Júpiter, Hotel Alvor e o Aldeia das Açoteias. Em Dezembro de 2006, foram homenageados pela Câmara Municipal de Portimão com a medalha de prata de mérito municipal. 

ALVOR, Raul de
Foi talvez o mais famoso tipo popular de que há memória na freguesia e no concelho. De estatura baixa e de porte enérgico deambulava pelas ruas de Alvor à procura de calor humano, mas encontrava quase sempre quem o provocasse, acto a que ele respondia com um franzir de sobrancelhas e uma praga ríspida e directa. Essas pragas ainda hoje fazem a delícia de quantos o ouviam: «Devia-te dar uma dor tão grande, tão grande, que quanto mais corresses mais te doesse e quando parasses arrebentasses!...» 

ALVOR, Zozimo de
Religioso cisterciense natural desta povoação, versado em Cânones e Teologia moral, escreveu De Beneficis Ecclesiasticis, que se conserva no Mosteiro de Alcobaça (Lopes, 1841, p.473). 

ATAÍDE, Álvaro de (I) 
Foi alcaide-mor e Senhor donatário de Alvor, a partir de 1451, por mercê de D. Afonso V. Era filho de João de Ataíde, senhor de Penacova (Oliveira, 1907, pp.221-223). Recebeu depois, por Carta de 18 de Dezembro de 1451, a dizima do pescado, os direitos da portagem de mar e terra, foros de azenhas, o serviço novo e velho dos Judeus, moinhos, casas, vinhas, a barca de passagem e as marinhas (Lopes, 1841, p.272). Julga-se que fosse pai de Tristão de Ataíde, pois na igreja matriz de Alvor existe uma campa com a seguinte inscrição: «Aqui jaz o grande Álvaro de Ataíde, pai de Tristão de Ataíde». 

ATAÍDE, Álvaro de (II) 
Foi alcaide-mor de Alvor a partir de 1497, por desistência de seu genro, Diogo Moniz da Silva, que foi alcaide-mor de Silves, por D. Manuel (TT. Liv.2.º do Guadiana, fl.840). Foi na sua casa, que D. João II esteve alojado e morreu, em 25 de Outubro de 1495. Era pai de Nuno Fernandes de Ataíde (Oliveira, 1907, pp.221-223). 

ATAÍDE, Nuno Fernandes de 
Intrépido militar, companheiro de armas do famoso Lopo Barriga, nas guerras do norte de África, no tempo de D. Manuel, foi governador de Safim . Natural de Alvor era filho de um outro Álvaro de Ataíde (Garcia de Resende, Crónica de D. João II). D. Manuel concedeu-lhe direitos de fazer marinas nos sapais, em 1497 (Oliveira, 1907, p.222). Morreu ferido por uma zagaia, em Maio de 1516. 

ATAÍDE, Pedro Xavier de
Natural de Alvor era alferes da 7.ª companhia do Regimento de Milícias de Lagos, tendo recebido a patente a 10 de Dezembro de 1810 (Borrego, p.581). Capitão da Guarda Nacional fez parte da Comissão Eleitoral de 4 de Junho de 1834, tendo sido eleito vereador nas eleições para a «Câmara Constitucional de Vila Nova de Portimão», em 29 desse mês (Vidigal, p.250). 

ATAÍDE, Tristão de
Era filho de Álvaro de Ataíde e pensa-se que seja o notável cabo-de-guerra do mesmo nome, que praticou feitos de grande valentia na batalha de Montes Claros (1665) e que, mais tarde, na Índia, cometeu actos de grande bravura tendo sido morto à frente de 400 cavaleiros, dos quais só houve três sobreviventes (Oliveira, 1907, p.221). Há um outro Tritão de Ataíde, do século XVI, da família de Vasco da Gama, celebrizado pela sua audácia e crueldade em terras do Oriente, e do qual existem biografias publicadas, que não indicam a sua naturalidade (G. E.P.B., vol. 3, pp.617-618). 

BARROSO, Alfredo José
Militar e combatente pela democracia nasceu em Alvor a 15 de Abril de 1887. Alistado como soldado no Regimento de Infantaria 17, depressa sobe a oficial. É depois transferido para Tavira e depois para Setúbal, acompanhado da sua mulher, Maria da Encarnação Simões, que é professora do Ensino Primário, e dos filhos . Descontente com a situação que levou ao golpe militar de 28 de Maio de 1926, participa no golpe gorado de 7 de Setembro de 1927, pelo qual é preso. Marcado pela revolta em que participou, é frequentemente perseguido, colocado em serviços administrativos, detido algumas vezes e deportado finalmente para os Açores. Será aposentado no posto de capitão, mas sem que veja terminados os contratempos, pois, embora com 74, anos é ainda detido pela PIDE, que o levou para a sede da Rua António Maria Cardoso, onde é interrogado durante dois dias até desfalecer (Marreiros, 2000, p.65). Faleceu em Lisboa, em 14 de Janeiro de 1970. 

BRUXO, Manuel
Foi durante muitos anos o enterrador de freguesia de Alvor, assim como o tocador de guitarra dos casamentos, celebração que aqui tinha um ritual muito original (Oliveira, 1907, p.184). Faleceu antes de 1907. 

GUERREIRO, José
Nasceu em Alvor em 10 de Janeiro de 1860 e faleceu em 26 de Abril de 1928. Sacerdote muito erudito paroquiou as freguesias de Odiáxere e Silves e foi cónego, professor e vice-reitor do Seminário de Faro (Diário do Algarve, n.º 96, 1933). JESUS, Ana Paula de – Natural de Alvor era de estirpe nobre e foi prioresa do Convento das Religiosas Carmelitas de Lagos nos séculos XVI-XVII.

MENDES, Frederico Ramos
Abastado proprietário local era filho de Frederico da Paz Mendes Júnior (herdeiro do visconde da Rocha de Portimão) e de Carolina Almeida Castel-Branco. Licenciou-se em Medicina, mas exerceu pouco tempo. Na década de 1930 foi presidente da “Comissão de Iniciativa da Praia da Rocha” e delegado dos proprietários, e participou no I Congresso Nacional de Turismo, com a comunicação «Memória Justificativa dum plano de melhoramentos da Praia da Rocha» (Lisboa, 1936). Foi presidente do Sindicato Agrícola de Portimão, membro do Movimento Nacional-Sindicalista e presidente da Câmara Municipal de Portimão, entre 1940 e 1946. Com outros cidadãos locais liderou uma comissão que fundou, em 1941, o Lar da Criança de Portimão. Faleceu em Portimão em 1978. Tem o seu nome na toponímia da vila de Alvor. 

MOREIRA, Ilda da Ascensão
Pedagoga nascida em Alvor em 14 de Dezembro de 1894. Cedo se radicou em Lisboa, frequentando o Colégio Maria Pia e a Escola Normal de Lisboa, ao mesmo tempo que colaborava com Irene Lisboa no jornal Educação Feminina (1913). Diplomada em 1914, inicia a sua carreira de professora, orientando o seu trabalho para o ensino infantil. Em 1921 é professora das “Classes Preparatórias” da Escola da Tapada da Ajuda, ensinando pelos métodos inovadores de Montessori e Decroly. Em 1922/1924 volta à Escola Normal de Lisboa, onde faz o novo Curso do Magistério Primário Infantil. Publica artigos na Revista Escolar e escreve um livro de leitura para a 2.ª Classe do Ensino Primário. Em 1931 parte para o estrangeiro, estudando e especializando-se em Roma, e em Genebra, no Instituto Jean Jacques Rousseau, onde toma contacto com as teses de Piaget. Regressada a Lisboa e à Escola da Tapada da Ajuda, aí se mantém até 1938, data em que é colocada na Escola n.º 43. O seu percurso seria paralelo ao de Irene Lisboa, com quem partilhava ideias e convicções sobre o ensino infantil. Proferiu conferências e escreveu vários artigos sobre o ensino infantil, nas publicações Educação Feminina, Escola Primária, Revista Escolar e O Século. Faleceu em Lisboa a 1 de Maio de 1980 (António Nóvoa, Dicionário de Educadores Portugueses, 2003, pp.942-943).

NETO, David Marreiros
Nasceu em Monchique em 1902 e faleceu em Alvor em 1975, após ter paroquiado esta freguesia desde 1947. Frequentou o Seminário de Faro, de onde saiu presbítero em 1929, iniciando-se no sacerdócio como vigário cooperador de S. Sebastião de Loulé, sendo seguidamente pároco encomendado de Santa Bárbara de Nexe, pároco de Armação de Pêra e Guia, pároco das freguesias de Monchique e Alferce (onde era popularmente conhecido por “Padre Picoteiro”, por ser natural da Picota), pároco encomendado de Vila do Bispo, Raposeira e Budens, mudando-se em 1947 para Alvor e Mexilhoeira Grande, onde serviu com dedicação até à sua morte (Correio do Sul, n.º 2944, 16.10.1975). Tem uma rua com o seu nome em Alvor.

OLIVEIRA, Francisco Xavier de Ataíde
Natural de Algoz (1842-1915), mas com raízes familiares em Alvor foi o mais famoso monografista do Algarve, mas também eclesiástico, jurista e jornalista, sendo bacharel em Teologia e em Direito pela Universidade de Coimbra. Publicou cerca de duas dezenas de monografias sobre terras do Algarve e sobre a cultura algarvia, nomeadamente a Monografia de Alvor (1907), que foi reeditada em 1993.

PACHECO, Francisco Soares de Oliveira
Natural de Alvor bateu-se com bravura por D. João IV, na Guerra da Restauração tendo sido ferido na batalha de Montes Claros, onde se recusou a ser tratado. Faleceu em 1729, quando era mestre-de-campo e governador de Sagres. Segundo Silva Lopes o seu avô terá saído voluntariamente desta vila para combater ao lado de D. Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir, onde ficou cativo, tendo sido resgatado por outro seu avô também de apelido Pacheco, que então governava Vila Nova de Portimão (Lopes, 1841, p.424).

RIBEIRO, José
Natural de Alvor foi durante muitos anos comerciante de confecção de homem na cidade, actividade que iniciou em 1955 e manteve até 2003, altura em que reformou. Paralelamente dedicou-se ao associativismo do sector tendo sido um dos fundadores e dirigente da actual Associação Comercial de Portimão . Fez parte da Assembleia Municipal de Portimão.

SERPA, José Joaquim (1.º Visconde de Alvor)
Nasceu em Portimão a 8 de Agosto de 1827 e aqui faleceu em 25 de Junho de 1912. Obteve de D. Carlos, em Agosto de 1898, o título de Visconde de Alvor, por uma vida. Foi no concelho um abastado proprietário e comerciante, e juntamente com José Libânio Gomes fundou, em 1891, o Sindicato dos Exportadores de Figos do Algarve. Foi amigo da cultura e bastante interessado pela arqueologia e as antiguidades (A Independência, n.º 20, 20.06.1880). Foi vereador camarário, e presidente da Câmara Municipal de Portimão em 1902-1904.

SOARES, Manuel
Fidalgo natural de Alvor combateu na Batalha de Alcácer-Quibir, onde ficou prisioneiro, sendo mais tarde resgatado por familiares. Era avô de Francisco Soares de Pacheco (Oliveira, 1907, pp.233-234).

VABO, Caetano Pimentel do 
Natural de Alvor era filho de António Pimentel do Vabo, capitão-mor desta vila. Seguiu a carreira militar e faleceu no Brasil, em 1815, na corte de D. João VI, no posto de tenente-general (Lopes, 1841, p.416).

VABO, Rodrigo Soromenho do 
Nasceu em Alvor em 20 de Março de 1737, sendo filho do capitão-mor desta vila António Pimentel do Vabo. Foi escrivão de Sisas de Lagos, sargento-mor de Infantaria e Cavaleiro da Ordem Militar de Avis. Teve carta brasão de Fidalgo de Cota de Armas, em 18 de Abril de 1759.

VIDAL, Dionísio Francisco
Prior de Alvor entre 1742 e 1781, redigiu a “Memória Paroquial” da Freguesia de Alvor de 1758. Gentilmente cedido por: @ José Rosa Sampaio

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