quarta-feira, 15 de junho de 2022
sábado, 4 de junho de 2022
Breve História de Faro
As origens da cidade de Faro remontam ao século VIII a.C., período da colonização fenícia do Mediterrâneo Ocidental, durante o qual integrou um amplo sistema comercial, baseado na troca e comércio de produtos agrícolas, peixe e minérios. Com efeito, aos fenícios se ficou a dever o topónimo Ossónoba, que derivou da expressão “Osson ébá”, cujo significado era “armazém no sapal”.
Entre os séculos III a.C e IV d.C., Ossónoba integrou a província romana da Lusitânia, assumindo grande importância ao nível regional, comprovada por escavações arqueológicas realizadas ao longo do século XX no largo da Sé, que revelaram os vestígios do forum e do templum romano (a cerca de três metros do nível atual) e permitiram concluir que a cidade chegou inclusive a cunhar moeda.
A prosperidade de Ossónoba residia em boa parte na produção de garum, uma pasta de peixe muito apreciada na época, que os produtores locais exportavam para diversas cidades do Império romano. A importância das atividades marítimas na “Faro romana” encontra-se perfeitamente testemunhada no bonito mosaico do deus Oceano, que se encontra em exposição no Museu Municipal de Faro.
Com a desagregação do Império Romano no século V, Ossónoba integrou o Reino Visigótico da Península Ibérica. Totalmente cristianizada, a cidade passou a designar-se Santa Maria de Ossónoba, mantendo uma posição proeminente no contexto regional, uma vez que foi sede de Bispado.
Em 713, a cidade foi ocupada pelos mouros. No entanto, nos 2 séculos seguintes uma importante comunidade cristã (moçárabes) viveu aqui sob domínio Árabe. No século IX, passou a designar-se Santa Maria Ibn Harun, assim chamada em honra do fundador da Dinastia dos Banu Harun, Emires da Taifa de Santa Maria do al-Gharb.
Em 1249 as tropas do Rei D. Afonso III tomaram a cidade aos mouros, mas grande parte da comunidade muçulmana continuou a viver em Faro, pois recebeu carta de foral do rei D. Afonso III em 1269, garantindo liberdade de culto e o direito de conservar propriedade, mediante o pagamento de um imposto especial. Neste período, convivem em Faro as três grandes religiões do Livro: cristão, hebreus e muçulmanos, e a cidade passa a designar-se Santa Maria de Faaron, topónimo que até ao séc. XVIII irá evoluindo para Farom, Farão e Faro.
A política expansionista da Dinastia de Avis, e a sua aposta nos Descobrimentos Marítimos, transformou o Algarve numa região estratégica e abriu um período de prosperidade para Faro, graças ao um porto seguro que permitia o comércio do sal e de produtos agrícolas, em particular os frutos secos que abasteciam as caravelas portuguesas. Para o desenvolvimento da cidade contribuiu bastante a comunidade judaica, largamente constituída por comerciantes e artesãos, entre os quais se encontrava o tipógrafo Samuel Gacon que, em 1487, imprimiu o Pentateuco, o mais antigo livro impresso em Portugal.
Em 1499, o Rei D. Manuel I patrocinou o desenvolvimento e a expansão urbana da cidade, com a criação de uma Alfândega, um Açougue (mercado de carne), e um Hospital no exterior da Vila-A-Dentro. Em 1540, o Rei D. João III elevou Faro a cidade e, em 1577, esta tornou-se sede do bispado do Algarve (substituindo Silves), assim ganhando definitivamente o estatuto de capital da região.
Em 1596, em plena União Ibérica, os corsários ingleses do Conde de Essex atacaram e pilharam a cidade, causando grande destruição. Para além de incendiarem a maioria das igrejas, pilharam também as casas nobres e o Paço Episcopal, de onde roubaram uma valiosa biblioteca, atualmente depositada na Biblioteca Bobleiana da Universidade de Oxford.
O Grande Terramoto de 1755 abalou fortemente a região algarvia. Em Faro, onde terão morrido mais de duas centenas de pessoas, a maioria dos edifícios sofreu danos consideráveis. O declínio da cidade seria revertido graças ao bispo D. Francisco Gomes do Avelar (1789-1816), responsável por um importante programa de renovação urbanística e artística, onde se incluíram obras como o Arco da Vila (Monumento Nacional), o Hospital da Misericórdia e o Seminário Episcopal.
O século XIX foi um período de relativa prosperidade e desenvolvimento em Faro. Em 1805 abriu a primeira “Pharmácia” da cidade e em 1845 o benemérito, Dr. Lázaro Doglioni, inaugura o teatro Lethes, a mais bela sala de espetáculos do Algarve. No último quartel do século, implementou-se uma rede de esgotos e água canalizada e em 1889, foi inaugurada a Estação Ferroviária da capital algarvia. Em outubro de 1897 a Família Real deslocou-se ao Algarve, tendo ficado instalada no Palácio Episcopal de Faro. Nesta ocasião, o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia visitaram o Museu Lapidar Infante D. Henrique, o Museu Marítimo e o Hospital da Santa Casa da Misericórdia.
Faro continuou a desenvolver-se durante o século XX. Em 1911 foi instalado o primeiro sistema de iluminação elétrica da cidade e, em 1926, abriu a delegação regional do Banco de Portugal. Em 1930 foi inaugurado o Café Aliança, um espaço onde, durante vários anos os grandes produtores e industriais algarvios estabeleceram o valor económico de produtos como a cortiça, a amêndoa, a alfarroba e o figo. Este café emblemático, um dos mais antigos do país, foi também o palco de inúmeras tertúlias, tendo recebido grandes vultos da cultura regional, nacional e mesmo internacional, como Amália Rodrigues, José Afonso e Simone Beauvoir.
A inauguração do Aeroporto Internacional em 1965, abriu uma nova era na economia da região, e o 25 de Abril de 1974, veio reforçar a capitalidade de Faro, que beneficiou enormemente com a Fundação da Universidade do Algarve, em 1979, e a construção do Hospital Distrital, instituições que muito têm contribuído para o desenvolvimento desta cidade milenar, onde se fez, e se continuará a fazer história.
Fonte: Site da UF Faro
Faro - Das origens à atualidade
Os primeiros marcos remontam ao século IV a.C, ao período da colonização fenícia do Mediterrâneo Ocidental. Seu nome de então era Ossonoba, sendo um dos mais importantes centros urbanos da região sul de Portugal e entreposto comercial baseado na troca de produtos agrícolas, peixe e minérios. Entre os séculos II a.C e VIII d.C, a cidade esteve sob domínio Romano e Visigodo, vindo a ser conquistada pelos Mouros em 713.
Durante a ocupação árabe o nome Ossonoba prevaleceu, desaparecendo apenas no séc. IX, dando lugar a Santa Maria do Ocidente. No séc. XI a cidade passa a designar-se Santa Maria Ibn Harun. Capital de um efémero principado independente no séc. IX, a cidade é fortificada com uma cintura de muralhas e o nome de Ossonoba começa a ser substituído pelo de Santa Maria, a que mais tarde se junta a designação de Harune, que deu origem a Faro.
Na sequência da independência de Portugal, em 1143, o primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques e os seus sucessores iniciam a expansão do país para sul, reconquistando os territórios ocupados pelos Mouros. Depois da conquista por D. Afonso III, em 1249, os portugueses designaram a cidade por Santa Maria de Faaron ou Santa Maria de Faaram.
Nos séculos seguintes, Faro tornou-se uma cidade próspera devido à sua posição geográfica, ao seu porto seguro e à exploração e comércio de sal e de produtos agrícolas do interior algarvio, trocas comerciais que foram incrementadas com os Descobrimentos Portugueses.
No séc. XIV a comunidade judaica começa a ganhar importância na cidade. Uma das suas figuras mais relevantes foi o tipógrafo Samuel Gacon, responsável pela impressão do Pentateuco em Hebraico, sendo o primeiro livro impresso em Portugal no ano de 1487. A comunidade de Faro foi sempre uma das mais distintas da região algarvia e das mais notáveis do país, contando com muitos artesãos e muita gente empreendedora.
A manifesta prosperidade dos judeus farenses no séc. XV é interrompida pelo Édito emitido por D. Manuel I, em dezembro de 1496, no qual os expulsa de Portugal, caso não se convertessem ao catolicismo.
Assim, oficialmente e só neste sentido, deixaram de existir judeus em Portugal, o que, como é óbvio, também aconteceu em Faro. No local onde estava implantada a judiaria, na Vila Adentro, foi erigido o Convento de Nossa Senhora da Assunção com o patrocínio da Rainha D. Leonor, esposa de D. Manuel I.
Este monarca promoveu, em 1499, uma profunda alteração urbanística com a criação de novos equipamentos na cidade - um Hospital, a Igreja do Espírito Santo (Igreja da Misericórdia), a Alfândega e um Açougue - fora das alcaçarias e junto ao litoral.
Em 1540, D. João III eleva Faro a cidade e, em 1577, a sede do bispado do Algarve é transferida de Silves. Em 1596 o saque e o incêndio provocados pelas tropas inglesas lideradas pelo Conde de Essex danificaram muralhas e igrejas, provocando elevados danos patrimoniais e materiais na cidade.
Os séculos XVII e XVIII são um período de expansão para Faro, cercada por uma nova cintura de muralhas, durante o período da Guerra da Restauração (1640/1668), que abrangia a área edificada e terrenos de cultura, num vasto semicírculo frente à Ria Formosa.
Em 1 de novembro de 1755, a cidade de Lisboa é arruinada por um grande terramoto que devido à sua intensidade provocou, igualmente, estragos em outras cidades do país, sobretudo no Algarve.
A cidade de Faro sofreu danos generalizados no património eclesiástico, desde igrejas, conventos até o próprio Paço Episcopal. As muralhas, o castelo com as suas torres e baluartes, os quartéis, o corpo da guarda, armazéns, o edifício da alfândega, a cadeia, os conventos de S. Francisco e o de Santa Clara, foram destruídos e arruinados.
Até finais do séc. XIX, a cidade manteve-se dentro dos limites da Cerca Seiscentista. O seu crescimento gradual sofre um maior ímpeto nas últimas décadas.
Fonte: Site da CM Faro