quinta-feira, 17 de abril de 2025
segunda-feira, 7 de abril de 2025
Vila do Bispo - História
Com uma presença humana comprovada nos tempos mais recuados da Pré-História, este território, cercado pelo grande oceano em três frentes, tornou-se Concelho próprio a 26 de agosto de 1662, quando, no dia 26 de agosto, o Rei D. Afonso VI (1643-1683), O Vitorioso, concedeu, por graça, a antiga Aldeia do Bispo a um importante membro da nobreza portuguesa: Martim Afonso de Melo, 2.º Conde de São Lourenço e destacada figura do movimento da Restauração da Independência Portuguesa (1640). Ao casar com uma descendente do antigo Bispo de Silves, D. Fernando Coutinho (†1538), a quem fora atribuída por parte do Rei D. Manuel I (1469-1521) a antiga Aldeia de Santa Maria do Cabo, em 1515, de nome D. Madalena da Silva, o 2.º Conde de São Lourenço desejou solicitou ao Rei D. Afonso VI, em virtudes dos seus feitos militares e cargos governativos que ocupara, a Aldeia do Bispo. Apesar dos protestos das autoridades de Lagos, o Soberano atribuiu a localidade ao fidalgo, com a condição de que a mesma fosse elevada a Vila com autonomia própria, o que, de facto, aconteceu.
Quanto às localidades que formam o Concelho, temos indicações da existência das aldeias de Budens no ano de 1323, Figueira e Raposeira em 1374. Quanto a Vale de Boi existem referências no ano de 1573 e a Burgau em 1600. No século XVI terá possivelmente surgido Barão de São Miguel. Já no Século XVIII, temos referências à povoação das Hortas do Tabual e Pedralva (apesar de muito provavelmente as suas origens poderem ser anteriores) e em período incerto, talvez, do último quartel do século XIX e inícios do XX, a Salema.
Local de capital importância na História deste território e do nosso País é a Vila de Sagres, com as suas origens na(s) construção(ões) que o Príncipe D. Henrique (1394-1460), homem que ficou conhecido na nossa História pelas importantes navegações marítimas que projetaram Portugal pelos mares do Mundo (e que aqui morreu) mandou construir na Ponta de Sagres, em meados do século XV, e que viriam dar origem a uma notável Praça de Guerra, cujo último perfil foi concluído em 1793. Este antigo local de apoio e proteção à navegação que demandava estas paragens e de guarnição militar foi Concelho até meados do século XIX. Na década de 60 do século XX o fenómeno do Turismo aumentou-lhe, ainda, mais uma projeção e um protagonismo que nunca deixou de ter por todas as caraterísticas especiais que a destacam.
Vila do Bispo
Geograficamente situado no extremo sudoeste do Continente Europeu, no barlavento algarvio, o Concelho de Vila do Bispo define-se sobre uma plataforma geológica formada pelo grande Cabo de São Vicente/Sagres, emergindo como uma ‘proa’ de rocha que separa dois mares: a sul uma costa temperada, de influência mediterrânica, a ocidente imponentes falésias batidas pelo Atlântico, no interior coloridos planaltos, férteis vales e o termo ambiental e cultural do Barrocal Algarvio – uma rara combinação de dinâmicos elementos paisagísticos, um privilegiado palco sobre o qual se organizam exclusivas ocorrências naturais e culturais.
Ocupando uma área de 179,06 km2, um triângulo subdividido em 4 Freguesias (Vila do Bispo e Raposeira, Sagres, Budens e Barão de São Miguel), os seus 5.258 habitantes, gentes da terra e do mar, ocupam um território periférico e de baixa densidade com apenas 11 aglomerados populacionais: Vila do Bispo, a sede do Concelho, a Vila de Sagres e as aldeias de Budens, da Pedralva, da Raposeira, de Hortas do Tabual, da Figueira, da Salema, de Vale de Boi, de Burgau e de Barão de São Miguel. A norte faz fronteira com o concelho de Aljezur, a nascente demarca-se do Concelho de Lagos.
95% deste território encontra-se enquadrado em áreas protegidas, designadamente pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Constituindo o Turismo, na atualidade, o grande motor da economia local, a oferta turística disponível neste território é bastante diferenciada relativamente ao todo da região algarvia. Além do clássico trinómio “Sol, Mar e Praia”, o Concelho de Vila do Bispo propicia, sobretudo, a fruição de produtos de Turismo de Natureza e Cultura. A estratégica sustentabilidade da exploração turística torna-se assim essencial para a manutenção e valorização dos seus diferenciados e não renováveis recursos locais. O próprio turista que procura a região de Sagres é diferente do típico padrão do ‘turista algarvio’. Por aqui são mais os viajantes que os turistas, pessoas tendencialmente mais sensíveis, informadas, exigentes e apreciadoras dos genuínos valores dos destinos que visitam.
Revalorizadas pela ação da “indústria turística”, atividades tidas como “tradicionais”, tais como a Pesca, o Marisqueio, a Agricultura e o Pastoreio, continuam a assumir um papel fundamental na empregabilidade e na subsistência de inúmeras famílias locais.
Os efeitos dos habituais e massivos fluxos da sazonalidade turística algarvia, cujos picos preferenciais se manifestam apenas nos meses de verão, não se reproduzem em Vila do Bispo. De facto, a combinação de propícios fatores como um clima favorável, condicionantes de ordenamento territorial e de gestão ambiental e o estratégico desenvolvimento e a promoção de produtos que, de forma sustentável, exploram diferenciados recursos naturais e culturais, traduz-se num ‘Algarve autêntico’, num alternativo e excecional destino, pleno de singularidades exploráveis ao longo de um período de atividade turística balizado entre março e novembro, com uma “época alta” diluída de maio a setembro.