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domingo, 17 de dezembro de 2023

A lenda da moura encantada nas muralhas de Faro

Em 1249, após um longo cerco à cidade, o Rei Dom Afonso III conquistou finalmente Faro aos Mouros. Conta a lenda que entre as tropas cristãs se encontrava um jovem cavaleiro que, um belo dia, viu a passear pelo caminho de ronda do castelo uma bela princesa moura, por quem logo se apaixonou. Começou então fazer a corte à linda moura, que era filha do governador, e esta retribuiu-lhe o seu afeto.

Um dia, por intermédio de um escravo que falava ambas as línguas, o casal de namorados combinou um encontro. Nessa noite, o escravo abriria a porta onde hoje se encontra a ermida da Senhora do Repouso, para que o cavaleiro pudesse visitar a sua amada. Contudo, antes de partir, este pediu aos seus companheiros que, caso fosse feito prisioneiro pelos mouros, no dia em que as tropas cristãs tomassem finalmente a cidade, ninguém deveria fazer mal à sua amada. E foi assim que os dois apaixonados conseguiram finalmente encontrar-se, jurando entre si amor eterno. Acontece que, à despedida, abriram a porta do castelo e de imediato as tropas cristãs, que esperavam pela oportunidade, forçaram a entrada na cidade. Imediatamente os mouros fizeram soar o alarme e tomaram posição defensiva. Alarmado, o cavaleiro pegou na princesa e no pequeno irmão que a acompanhava, e tentou sair do castelo para colocá-los a salvo. Nesse preciso momento, o rei Mouro viu que a filha abandonava a cidade nos braços de um cristão.  Pensando que esta havia traído o seu povo e a sua religião, amaldiçoou-a, lançando-lhe um encantamento tão poderoso que, quando o jovem cavaleiro transpôs a porta da Senhora do Repouso, a moura e o seu irmão desapareceram, ficando apenas as suas roupas. Reza a lenda que, tantos séculos depois, a infeliz princesa ainda continua ali encantada, vagueando pelas muralhas do castelo, à espera de um milagre que quebre finalmente o encanto.

Segundo uma outra tradição oral, a tomada da cidade só foi possível porque uma princesa moura  confidenciou ao cavaleiro português, por quem se havia apaixonado, o segredo para entrar no castelo. De acordo com esta lenda, após a conquista da cidade ao mouros, a princesa ter-se-á suicidado numa nora situada na antiga horta do Ferragial.

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