Reza a lenda que dois mouros, um de Estoi outro de Alface, entraram em disputa pela mão da filha do Rei de Santa Maria Ibn Harun (Faro). Contavam os antigos que a princesa era de uma beleza inigualável, que resplandecia luz, iluminando tudo à sua volta. Dizia-se ainda que o que o que ela tinha de mais lindo eram os seus longos cabelos negros que, quando soltos, arrastavam pelo chão. Os cabelos eram de um negro tão profundo e tão intenso que uma noite sem luar parecia dia, quando comparada com eles.
Os dois mouros compareceram diante do rei e pediram a mão da princesa em casamento. Este que era um homem sábio e sabia tirar proveito de todas as situações, não queria ter de escolher entre dois dos seus súbditos, sobretudo sem ganhar nada com isso. Então dirigiu-se aos homens dizendo:
- A princesa é a minha única e estimada filha, não posso dar a sua mão de ânimo leve e tenho de saber que a tratam bem. Assim, casará com a princesa aquele que construir uma torre que se possa avistar da minha cidade e de onde a minha filha possa iluminar todo o seu reino, ou o que trouxer água em abundância e permanência onde a minha filha possa lavar os seus belos cabelos negros.
Os mouros depois de ouvirem a tarefa que tinham de fazer agradeceram ao rei e saíram.Na manhã seguinte o rei é informado que existe uma enorme cobra de água que jorra às portas da muralha. O monarca e os seus cavaleiros saem para descobrir a sua origem e seguem o aqueduto até à fonte de Alface, onde encontram o mouro de Alface à sua espera.
- Caro rei, aí tendes a vossa água, mostrei-me digno da tarefa. Lamento contudo que vendesses a vossa filha por um jorro de água para o vosso povo.
O rei envergonhado pelo mouro ser tão perspicaz e entender as suas reais intenções, para além de lhe dar a mão da filha em casamento tornou-o seu conselheiro oficial.
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