Curiosamente, existe uma outra lenda relacionada com a tomada da cidade de Faro que oferece uma imagem um pouco diferente dos acontecimentos. Conta-se que na campanha militar que resultou na conquista definitiva do Algarve em 1249, o Rei Afonso III foi acompanhado pelo seu amigo D. João Peres de Aboim, um brioso cavaleiro de bom coração. Ora um certa noite, quando as tropas cristãs montavam cerco à cidade de Faro (então chamada Harume), estava D. João de vigília, quando escutou um barulho suspeito num arbustos próximos do acampamento. Logo foi apurar o que se passava e, com surpresa, encontrou escondida uma jovem moura, vestida como se fosse um rapaz.
- Quem és tu? O que fazes aqui? Perguntou o cavaleiro português.
- Vim para falar com o Rei Afonso, queria pedir-lhe misericórdia para o meu povo.
- Como te chamas? Perguntou D. João Peres de Aboim.
- Alandra! Respondeu a jovem moura.
O cavaleiro cristão imediatamente reconheceu o seu nome. Era a filha do príncipe de Harume, governador da cidade. Conduziu-a então até ao acampamento e, quando entraram na sua tenda, a princesa diz-lhe:
- Por favor D. João, ajudai-me a salvar as mulheres e as crianças da cidade. Desde a tomada de Xelbe (Silves) que vivemos aterrorizados com o que possa suceder.
- Não te preocupes, eu vou ajudar-te. Nada de mal vos acontecerá.
Encantado com a beleza e a força de caráter da jovem princesa moura, o nobre cavaleiro português pediu ao Rei de Dom Afonso III que reunisse o conselho para expor a situação. Alambra deu garantias de que a cidade não resistiria, caso os portugueses respeitassem mulheres e crianças e evitassem derramamento de sangue, disponibilizando-se para arranjar uma reunião entre seu pai, governador da cidade, e o monarca português. Assim aconteceu, o príncipe de Harume entregou as chaves da cidade a Dom Afonso III e abandonou a cidade com o seu séquito.
Já com a cidade sob o total controlo das tropas cristãs, D. João Peres de Aboim foi à procura da princesa moura por quem se havia apaixonado, mas esta havia entretanto partido com o seu povo. Como agradecimento, Alandra deixara-lhe um ramo de flores vermelhas, as quais o cavaleiro português tomou como uma lembrança de amor, decidindo por isso chamar aloendros a estas bonitas flores, cujo nome evoca ainda hoje memórias de um passado distante.
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